Com
nada a perder, Frank pega uma arma e decide acabar com os mais idiotas, cruéis
e desagradáveis membros da sociedade com uma cúmplice nada usual: Roxy, de 16
anos. A menina partilha do mesmo senso de raiva e falta de pertencimento ao
status quo e decide se juntar a Frank em uma caçada a estrelas de reality shows
e a outras figuras do cenário de entretenimento dos Estados Unidos, alvejando
também cidadãos comuns que aparecem em seus caminhos.
Título God Bless America (Original)
Ano produção 2011
Dirigido por Bobcat
Goldthwait
Estreia 9 de Setembro de 2011 ( Mundial )
Duração 99
minutos
Gênero Ação Comédia
Países Estados
Unidos da América
Bom dia, você que não aguenta mais
viver cercado de idiotas e, vez ou outra, manifesta desejos assassinos. Viva o
cinema!
DEUS ABENÇOE A AMÉRICA
Quem nunca se irritou com a estupidez
coletiva, com a falta de conteúdo da mídia, com a massificação de opiniões e
com a banalização generalizada da vida? Eu tenho meus momentos onde o pior de
mim aflora e desejos profanos e violentos tomam conta de meu ser, ainda que
jamais tenha concretizado qualquer injúria física a outrem. Vivemos em sociedade,
somos ditos cidadãos civilizados, devemos obedecer às leis e aos bons costumes.
Contudo, quando adentramos os meandros da ficção, não há limites.
“Eu odeio os meus vizinhos...
A estupidez constante que
exala de seu apartamento é
absolutamente devastadora.
Não importa quão
educadamente eu lhes peça para serem corteses, eles são incapazes de entender que
suas ações afetam os outros.
Eles não se importam se eu sofro
de enxaquecas ou insônia.
Não se importam que eu
precise trabalhar.
Ou que queira matá-los.
Eu sei que não é normal querer
matá-los.
Mas eu também sei que não
sou mais normal.”
Em “God Bless America”, somos
apresentados a Frank, um homem de meia idade, desiludido, derrotado, que sofre
duas quedas seguidas e decide tirar a própria vida. Mas o destino reserva algo
mais grandioso para Frank, algo envolvendo pessoas desprezíveis, armas de fogo,
e muita munição.
Dirigido por Bobcat Goldthwait (O Zed, de Loucademia de Polícia — e não diga que não se lembra do filme, que
seria o mesmo que me chamar de velho), o filme é uma comédia ácida,
incorreta, mas longe de ser rasa como tantas obras que inundam os cinemas.
Frank é um homem inteligente, que se vê perdido em uma sociedade de valores
perdidos e futilidades sem fim.
Através de seu protagonista, brilhantemente
interpretado por Joel Murray, Goldthwait destila uma enxurrada de
críticas à sociedade Estadunidense dos dias de hoje, mas que podem atingir
tranquilamente outros países, como o nosso. Críticas bem construídas e verossímeis,
como, por exemplo, quando uma menina de 10 anos (ou menos), grita histericamente
com a mãe porque queria um Iphone e
ganhou um Blackberry.
-
Você lhe deu um Blackberry?
- Olhe,
Frank, eu não quero ouvir. Eu achei que era o que ela queria.
- Não,
eu sei, mas por que ela ganharia um Blackberry ou iPhone?
A fotografia é clara, e as tomadas são
extremamente bem filmadas. Logo no começo, temos um traveling de cima para
baixo genial, que me lembrou a técnica de Kubrick.
“God Bless America” consegue ser
engraçado, melancólico, e ao mesmo tempo provocar reflexões profundas acerca do
destino de nossa sociedade. É impossível não enxergar figuras conhecidas nos
personagens apresentados, nos fazendo lembrar do que há de pior ao nosso redor.
Eu queria ser um super gênio
para inventar um telefone com um explosivo que fosse disparado pelo número de votação
do American Superstars. Assim eu saberia com quem deveria evitar de
falar.
Ninguém fala mais sobre
nada. Apenas regurgitam o que veem na TV, ouvem no rádio ou veem na internet.
Quando foi a última vez que
você teve uma conversa verdadeira com alguém, sem que alguém ficasse mandando
mensagens ou olhando para uma tela ou monitor? Uma conversa sobre algo que não
fosse celebridades, fofocas, esportes ou política pop?
Sobre algo importante.
Algo pessoal.
O desfecho é brilhante, mostrando o
quanto é difícil ter esperança na humanidade. Uma verdadeira obra de arte, bem
dirigido, com ótimas interpretações, bem filmado e com um ótimo ritmo, com
direito a uma verdadeira declaração de amor a Alice Cooper. Certamente um dos
melhores filmes que assisti nos últimos tempos.
Eu entendo, e fico ofendido.
Não porque eu tenha
problemas com apresentadores previsíveis, rancorosos, chorões que reclamam
sobre celebridades, ou como levam uma vida difícil, enquanto eu moro em um
apartamento com paredes finas, ao lado de neandertais que, ao invés de um bebê,
decidiram dar à luz uma sirene de ataque aéreo, que dispara toda maldita noite como
se fosse Pearl Harbor.
Eu não me ofendo se eles
agem como se fosse minha responsabilidade
proteger seus direitos de
bater nos mais fracos, como animais.
Mas por que devemos apoiar a
sua liberdade de expressão, se eles não estão nem aí com a nossa?
Eu defenderia a sua liberdade
de expressão, se achasse que estava ameaçada.
Eu defenderia a sua
liberdade de expressão de querer contar piadas racistas, de gays, de estupros e
de mau gosto sob o pretexto de ser "ousado", mas isso não é ser
"ousado", isso é apenas o que vende.
Eles não podiam abusar mais ou
ser mais comercialmente viável. Porque essa é a geração do "não, você não
pode dizer isso". Onde um comentário chocante tem mais peso do que a
verdade.
Ninguém mais tem vergonha, e
nós deveríamos celebrar isso?
Eu vi uma mulher jogando um absorvente
usado em outra na TV. Em um canal que alega ser para mulheres modernas.
Crianças batendo umas nas outras
e postando no Youtube.
Assim, por que ter uma
civilização se não queremos ser civilizados?
Assita o trailer:
Até mais, crianças.
E não brinque com armas de fogo.
Não lembra do Zed? Então assista:
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