21 de novembro de 2014

O que eu assisti nessa sexta feira #27 - Deus Abençoe a America


Com nada a perder, Frank pega uma arma e decide acabar com os mais idiotas, cruéis e desagradáveis membros da sociedade com uma cúmplice nada usual: Roxy, de 16 anos. A menina partilha do mesmo senso de raiva e falta de pertencimento ao status quo e decide se juntar a Frank em uma caçada a estrelas de reality shows e a outras figuras do cenário de entretenimento dos Estados Unidos, alvejando também cidadãos comuns que aparecem em seus caminhos.

Título                   God Bless America (Original)

Ano produção    2011

Dirigido por        Bobcat Goldthwait

Estreia                  9 de Setembro de 2011 ( Mundial )

Duração               99 minutos

Gênero                 Ação Comédia

Países                   Estados Unidos da América


Bom dia, você que não aguenta mais viver cercado de idiotas e, vez ou outra, manifesta desejos assassinos. Viva o cinema!




DEUS ABENÇOE A AMÉRICA

Quem nunca se irritou com a estupidez coletiva, com a falta de conteúdo da mídia, com a massificação de opiniões e com a banalização generalizada da vida? Eu tenho meus momentos onde o pior de mim aflora e desejos profanos e violentos tomam conta de meu ser, ainda que jamais tenha concretizado qualquer injúria física a outrem. Vivemos em sociedade, somos ditos cidadãos civilizados, devemos obedecer às leis e aos bons costumes. Contudo, quando adentramos os meandros da ficção, não há limites.

“Eu odeio os meus vizinhos...
A estupidez constante que exala de seu apartamento é
absolutamente devastadora.
Não importa quão educadamente eu lhes peça para serem corteses, eles são incapazes de entender que suas ações afetam os outros.
Eles não se importam se eu sofro de enxaquecas ou insônia.
Não se importam que eu precise trabalhar.
Ou que queira matá-los.
Eu sei que não é normal querer matá-los.
Mas eu também sei que não sou mais normal.”

Em “God Bless America”, somos apresentados a Frank, um homem de meia idade, desiludido, derrotado, que sofre duas quedas seguidas e decide tirar a própria vida. Mas o destino reserva algo mais grandioso para Frank, algo envolvendo pessoas desprezíveis, armas de fogo, e muita munição.


Dirigido por Bobcat Goldthwait (O Zed, de Loucademia de Polícia — e não diga que não se lembra do filme, que seria o mesmo que me chamar de velho), o filme é uma comédia ácida, incorreta, mas longe de ser rasa como tantas obras que inundam os cinemas. Frank é um homem inteligente, que se vê perdido em uma sociedade de valores perdidos e futilidades sem fim. 

Através de seu protagonista, brilhantemente interpretado por Joel Murray, Goldthwait destila uma enxurrada de críticas à sociedade Estadunidense dos dias de hoje, mas que podem atingir tranquilamente outros países, como o nosso. Críticas bem construídas e verossímeis, como, por exemplo, quando uma menina de 10 anos (ou menos), grita histericamente com a mãe porque queria um Iphone e ganhou um Blackberry.

- Você lhe deu um Blackberry?
- Olhe, Frank, eu não quero ouvir. Eu achei que era o que ela queria.
- Não, eu sei, mas por que ela ganharia um Blackberry ou iPhone?

A fotografia é clara, e as tomadas são extremamente bem filmadas. Logo no começo, temos um traveling de cima para baixo genial, que me lembrou a técnica de Kubrick.

“God Bless America” consegue ser engraçado, melancólico, e ao mesmo tempo provocar reflexões profundas acerca do destino de nossa sociedade. É impossível não enxergar figuras conhecidas nos personagens apresentados, nos fazendo lembrar do que há de pior ao nosso redor.

Eu queria ser um super gênio para inventar um telefone com um explosivo que fosse disparado pelo número de votação do American Superstars.  Assim eu saberia com quem deveria evitar de falar.

Ninguém fala mais sobre nada. Apenas regurgitam o que veem na TV, ouvem no rádio ou veem na internet.
Quando foi a última vez que você teve uma conversa verdadeira com alguém, sem que alguém ficasse mandando mensagens ou olhando para uma tela ou monitor? Uma conversa sobre algo que não fosse celebridades, fofocas, esportes ou política pop?
Sobre algo importante.
Algo pessoal.


O desfecho é brilhante, mostrando o quanto é difícil ter esperança na humanidade. Uma verdadeira obra de arte, bem dirigido, com ótimas interpretações, bem filmado e com um ótimo ritmo, com direito a uma verdadeira declaração de amor a Alice Cooper. Certamente um dos melhores filmes que assisti nos últimos tempos.

Eu entendo, e fico ofendido.
Não porque eu tenha problemas com apresentadores previsíveis, rancorosos, chorões que reclamam sobre celebridades, ou como levam uma vida difícil, enquanto eu moro em um apartamento com paredes finas, ao lado de neandertais que, ao invés de um bebê, decidiram dar à luz uma sirene de ataque aéreo, que dispara toda maldita noite como se fosse Pearl Harbor.

Eu não me ofendo se eles agem como se fosse minha responsabilidade
proteger seus direitos de bater nos mais fracos, como animais.

Mas por que devemos apoiar a sua liberdade de expressão, se eles não estão nem aí com a nossa?

Eu defenderia a sua liberdade de expressão, se achasse que estava ameaçada.

Eu defenderia a sua liberdade de expressão de querer contar piadas racistas, de gays, de estupros e de mau gosto sob o pretexto de ser "ousado", mas isso não é ser "ousado", isso é apenas o que vende.

Eles não podiam abusar mais ou ser mais comercialmente viável. Porque essa é a geração do "não, você não pode dizer isso". Onde um comentário chocante tem mais peso do que a verdade.

Ninguém mais tem vergonha, e nós deveríamos celebrar isso?
Eu vi uma mulher jogando um absorvente usado em outra na TV. Em um canal que alega ser para mulheres modernas.

Crianças batendo umas nas outras e postando no Youtube.

Assim, por que ter uma civilização se não queremos ser civilizados?


Assita o trailer:



Até mais, crianças.
E não brinque com armas de fogo.

Não lembra do Zed? Então assista:





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